Comunicação Interatrial (CIA)

Cirurgião Cardiovascular

O que é Comunicação Interatrial (CIA)


A comunicação interatrial (CIA) é um defeito congênito no coração em que existe uma abertura (ou “buraco”) entre os átrios direito e esquerdo, permitindo a mistura anormal do sangue rico em oxigênio com sangue pobre em oxigênio.


A presença do defeito causa aumento do fluxo sanguíneo que passa pelos pulmões a cada batimento cardíaco. A presença por períodos prolongados deste fluxo de sangue aumentado nos pulmões pode causar um quadro conhecido por hipertensão pulmonar. Caso a comunicação interatrial não seja tratada no momento adequado, a pressão pulmonar pode atingir níveis críticos e determinar a morte do indivíduo.


Essa abertura resulta de uma falha no fechamento do 
septo interatrial durante a formação embrionária do coração. A CIA pode passar despercebida por anos, mas com o tempo, pode levar a complicações graves, como hipertensão pulmonar, arritmias, embolias cerebrais (AVC) e até insuficiência cardíaca.

Diagrama ilustrando comunicação interatrial (CIA) no coração. Mostra o fluxo sanguíneo através de um orifício entre os átrios esquerdo e direito.

Tipos e Gravidade da Comunicação Interatrial


O tipo mais comum é a CIA tipo óstio secundum, localizada no centro do septo. Pode variar de tamanho, sendo pequenas e assintomáticas ou grandes e com repercussão hemodinâmica significativa.


Em casos mais graves, o aumento do fluxo sanguíneo para os pulmões pode causar hipertensão pulmonar progressiva, o que, se não tratado, pode se tornar irreversível.

Sintomas


  • Falta de ar aos esforços
  • Cansaço progressivo
  • Palpitações
  • Inchaço nas pernas (edema)
  • Infecções pulmonares frequentes
  • Arritmias (ex: fibrilação atrial)
  • AVC ou eventos neurológicos (em casos de embolia)


Em crianças: pode ser detectada por sopro cardíaco e cansaço ao se alimentar.


Em adultos, a CIA pode estar associada a acidente vascular cerebral criptogênico (sem causa aparente), exigindo investigação detalhada.


Vale lembrar que nem todos os sintomas estão presentes em todos os indivíduos e que quanto maiores os sintomas, maior a probabilidade de gravidade da doença.

Ecocardiograma 3D do coração mostrando um defeito do septo atrial circular (CIA), com texturas de tecido codificadas por cores.

Diagnóstico


O diagnóstico é feito por meio de exames de imagem, geralmente solicitados por cardiologistas ou após investigação de sintomas como fadiga, AVC ou sopro cardíaco:

  • Ecocardiograma transtorácico
  • Ecocardiograma transesofágico com contraste (bubble test)
  • Ecocardiograma tridimensional (3D)
  • Ressonância magnética cardíaca
  • Cateterismo cardíaco (em casos selecionados)


Esses exames avaliam o tipo, tamanho, direção do fluxo e risco de complicações.

Qual o tratamento da Comunicação Interatrial?


O tratamento definitivo da CIA é o fechamento do defeito, e pode ser realizado de duas formas principais:


1.  Fechamento por Cateter (Oclusão Percutânea)

Procedimento minimamente invasivo, realizado por punção da veia femoral (virilha), sem necessidade de cirurgia aberta.


Como funciona:

  • Cateter leva um dispositivo de oclusão (ex: Amplatzer ® e Cardioform – Gore®) até o coração
  • O dispositivo é posicionado e liberado para vedar o orifício
  • Realizado com anestesia local ou leve sedação
  • Duração: cerca de 1 hora
  • Internação: 1 a 2 dias
  • Retorno às atividades: em 5 a 7 dias


Realizado em sala cirúrgica híbrida, com equipe especializada (Heart Team), ecocardiograma transesofágico e fluoroscopia (raio-x ao vivo).


Benefícios:

  • Menor tempo de internação
  • Recuperação rápida
  • Baixo risco de complicações
  • Excelente resultado estético
  • Redução do risco de AVC e arritmias
Paraquedas branco, totalmente aberto, sobre um fundo cinza claro.

Entendendo o procedimento por Cateterismo

Antes do Procedimento

Antes do procedimento é necessária uma avaliação cuidadosa de seu caso por uma equipe especializada neste tipo de implante. 


A consulta inclui detalhada avaliação de todos os seus exames e do exame clínico no intuito de realizar um planejamento adequado não apenas do procedimento, mas de todos os cuidados necessários no pós-operatório de modo a proporcionar uma recuperação adequada e redução dos riscos.



O ecocardiograma transesofágico é um exame de fundamental importância, pois ela irá determinar o tamanho de seu coração e do defeito, proporcionando a escolha do melhor tamanho de prótese adequada a anatomia do paciente.

Diagrama ilustrando um procedimento de cateterismo cardíaco. Mostra um paciente submetido ao procedimento, uma visão geral do coração e as etapas envolvidas na desobstrução de uma artéria bloqueada.

Durante o Procedimento

O procedimento é realizado em uma sala de cirurgia especializada conhecida por sala cirúrgica híbrida que reúne modernos equipamentos de monitorização e diagnóstico por imagem. Um time de especialistas (Heart Team), especialmente treinado nestes procedimentos, executa o implante.


Durante o procedimento um pequeno cateter é introduzido pela veia femoral (virilha) através de uma incisão de menos de 1 cm, sendo em seguida guiado até o coração por equipamentos modernos de imagem.


Uma prótese especial é comprimida dentro de um pequeno tubo denominado cateter e posicionado no coração. Em seguida o médico especialista libera a prótese em sua posição correta.


O procedimento é realizado com anestesia local ou geral na dependência das condições do paciente. Em média, o procedimento dura 1hora.

Em média o paciente permanece internado por 1-2 dias e retorna às suas atividades habituais em 5-7 dias.

Um procedimento usual é composto por:

  1. Anestesia do paciente
  2. A equipe médica responsável prepara o local de acesso para a prótese
  3. O paciente é monitorizado com ecocardiograma transesofágico e um aparelho de raio-x (fluoroscopia)
  4. São realizadas novas medidas do defeito para confirmar os exames
  5. A prótese é inserida por um pequeno tubo (cateter) e colocada em posição dentro do coração 
  6. A prótese é liberada e sua posição confirmada pelo ecocardiograma
  7. Imediatamente é verificado o funcionamento da prótese
  8. O sistema é removido e o local de acesso do cateter ocluído
Renderização 3D de um coração humano, mostrando as estruturas internas em tons de dourado, marrom e azul sobre um fundo preto.
Diagrama do procedimento de cateterismo cardíaco: um cateter é inserido em uma veia, através de um coágulo, para restaurar o fluxo sanguíneo.

Após o procedimento

Após o implante os pacientes são encaminhados para recuperação anestésica. Lá os principais sinais vitais são monitorizados (batimentos cardíacos, oxigenação, pressão arterial). Normalmente os pacientes permanecem sob observação por 12-24 horas após o procedimento antes de receberem alta hospitalar.


Os materiais usados para oclusão têm uma longa história de segurança e têm sido largamente utilizados no coração. Não é esperada nenhuma reação de rejeição. Dentro de alguns dias o próprio tecido do organismo começa a crescer sobre a prótese. Em 3 a 6 meses a prótese estará completamente coberta e fará parte do coração do paciente.


O paciente não será capaz de perceber que existe a prótese dentro de seu corpo. A prótese não é afetada por aparelhos de RX de aeroportos ou por dispositivos de uso doméstico (forno de micro-ondas, celulares etc.).


É permitido caminhar logo após 8 horas. E em média após 12-24 horas os pacientes retornam para casa.

A equipe multiprofissional acompanha o paciente após a sua alta em diversas consultas que incluem toda a orientação de retomada de suas atividades, como programas especialmente elaborados para reabilitação.


Riscos

Apesar da técnica, em pacientes corretamente selecionados, apresentar menor risco que a cirurgia convencional este ainda é um procedimento cirúrgico realizado no coração. O paciente deve discutir extensivamente com a equipe especialista sobre seus riscos que variam conforme sua condição de saúde.


Somente uma avaliação multiprofissional pode determinar adequadamente quais riscos cada caso está exposto e quais medidas serão tomadas com o objetivo de reduzir ao máximo os mesmos.


Nem todos os defeitos podem ser ocluídos com esta técnica, e alguns cuidados devem ser tomados incluindo:

  1.  Defeitos muito grandes podem não ser adequados a oclusão por cateterismo
  2. A presença de coágulos dentro do coração pode contraindicar o procedimento antes de seu tratamento adequado 
  3. A presença de outros defeitos cardíacos associados pode não recomendar o procedimento
  4. Pacientes com alterações graves da coagulação
  5. Presença de infecções ativas

2. Cirurgia Robótica

Em casos de CIA muito grande ou anatomicamente complexa, pode ser necessário tratamento cirúrgico.


Características:

  • Acesso minimamente invasivo (lateral ou robótico)
  • Circulação extracorpórea (máquina coração-pulmão)
  • Fechamento do defeito com sutura ou uso de material protético


Recuperação:

  • Internação: 4 a 5 dias
  • Retorno às atividades: 15 a 20 dias


CLIQUE AQUI PARA SABER MAIS SOBRE A CIRURGIA ROBÓTICA

Cuidados Após o Procedimento


Após a oclusão (por cateter ou cirurgia), o paciente:

  • Deve ser acompanhado por cardiologista
  • Realiza ecocardiogramas de controle
  • Recebe relatório médico detalhado para uso com outros profissionais de saúde
  • Segue com orientação nutricional e reabilitação cardiovascular (quando indicado)


O dispositivo implantado não sofre interferência de raio-X, aeroporto ou aparelhos eletrônicos.

Por que operar com o Prof. Dr. Diego Gaia?


Prof. Dr. Diego Gaia é cirurgião cardiovascular com expertise em tratamentos transcateter e cirurgias minimamente invasivas, sendo responsável pelo centro de treinamento da UNIFESP – Escola Paulista de Medicina.



Seu time atua com planejamento individualizado e técnicas avançadas, unindo precisão, segurança e rápida recuperação.

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Perguntas Frequentes


  • O que é comunicação interatrial (CIA)?

    É um defeito congênito que forma uma abertura entre os átrios do coração, permitindo que o sangue passe do lado esquerdo para o direito, causando sobrecarga nos pulmões e risco de embolia.

  • Quais são os sintomas mais comuns da CIA?

    • Falta de ar
    • Cansaço aos esforços
    • Palpitações
    • Infecções pulmonares repetidas
    • Acidente vascular cerebral (AVC)
    • Em crianças, sopro cardíaco ou dificuldade para se alimentar
  • Como a CIA é diagnosticada?

    Com exames como ecocardiograma transtorácico, transesofágico com contraste, ecocardiograma 3D ou ressonância magnética cardíaca. O diagnóstico é confirmado por cardiologista especializado.

  • É necessário operar todos os casos de CIA?

    Não. O fechamento é indicado quando há repercussão clínica, risco de embolia ou hipertensão pulmonar. Defeitos pequenos e assintomáticos podem apenas ser acompanhados, dependendo da avaliação médica.

  • Como é feito o tratamento por cateter?

    É um procedimento minimamente invasivo realizado por punção da virilha. Um dispositivo é levado até o coração por um cateter implantado para fechar o defeito.

  • Quanto tempo leva a recuperação após o tratamento por cateter?

    Em geral, o paciente tem alta de 1 a 2 dias e retorna às atividades normais em 5 a 7 dias.

  • Todos os casos podem ser tratados com cateter?

    Não. Defeitos muito grandes, com anatomia complexa ou presença de outras doenças cardíacas podem exigir cirurgia convencional ou minimamente invasiva.

  • O Dr. Diego Gaia realiza esse tipo de tratamento?

    Sim. O Prof. Dr. Diego Gaia é especialista em cirurgia cardíaca e procedimentos por cateter, sendo referência nacional em tratamentos minimamente invasivos para CIA.

  • Como agendar uma avaliação com o Dr. Diego Gaia?

    Você pode agendar online, por WhatsApp ou telefone. A primeira consulta inclui análise de exames e definição do plano terapêutico mais seguro.

Sobre o médico

Prof. Dr. Diego Gaia


Cirurgião Cardiovascular | CRM-SP 107683 | RQE 61429


Professor e chefe do Setor de  Doenças Estruturais do Coração da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular da Universidade Federal de São Paulo. com doutorado pela Escola Paulista de Medicina. Possui MBAs de Harvard e Insper SP, especializações em cirurgia minimamente invasiva na Bélgica e cirurgia robótica nos EUA. Coordena o setor de Cardiologia do Hospital Santa Catarina e Cirurgia Cardiovascular do Hospital AC Camargo. Reconhecido em 2019 pelo PCR London Valves por uma técnica inovadora, é Certificado por sociedades brasileiras em Cirurgia Cardiovascular e implante de próteses e soma mais de 1000 implantes realizados e técnicas pioneiras.


Destaques
  • Doutor pela Unifesp
  • Certificação em Cirurgia Robótica 
  • Certificado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular
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