Insuficiência Tricúspide

Cirurgião Cardiovascular

O que é

A insuficiência da valva tricúspide, ou insuficiência tricúspide, é uma doença na qual a válvula tricúspide (que separa o átrio direito do ventrículo direito) não se fecha adequadamente permitindo o retorno de parte do sangue ejetado em direção aos pulmões retorne para o átrio direito e para o restante do corpo a cada batimento cardíaco.


Quando uma quantidade significativa de sangue retorna ao átrio direito o mesmo é sobrecarregado devendo aumentar sua carga de trabalho de maneira a manter um fluxo sanguíneo adequado às necessidades de nosso corpo.



Com a manutenção da condição o coração se dilata. Com o passar do tempo o coração perde a capacidade de lidar com esta sobrecarga de volume sanguíneo e sua capacidade de suprir as necessidades do corpo diminui, constituindo um quadro conhecido como insuficiência cardíaca.

Diagrama ilustrando três categorias de risco (baixo, intermediário, alto) para regurgitação tricúspide funcional, com ilustrações coloridas do coração mostrando diferentes gravidades de regurgitação.

A insuficiência cardíaca causada pela insuficiência tricúspide é progressiva e caso não tratada adequadamente pode levar o indivíduo a quadros irreversíveis com consequente óbito.


Existem múltiplas causas para a insuficiência tricúspide como:

  1. Congênita (adquirida ao nascimento) 
  2. Endocardite (infecção do coração )
  3. Doença de Ebstein
  4. Síndrome Carcinóide
  5. Síndrome de Marfan
  6. Secundária doença mitral 
  7. Trauma torácico
  8. Presença de cabos de marcapasso e cateteres
  9. Compilação de biópsias cardíacas
  10. Radiação
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Sintomas


O aumento do tamanho do coração bem como a regurgitação do sangue aliados a redução do fluxo sanguíneo, bem como outras alterações hemodinâmicas podem provocar diversos sintomas. Entre os mais importantes encontramos:

  • Síncope (desmaio)
  • Dispnéia (falta de ar)
  • Arritmias (palpitações)
  • Cansaço
  • Sopro cardíaco
  • Despertar noturno com falta de ar (dispnéia paroxística noturna)
  • Inchaço (edema) de pés, pernas e/ou barriga


Vale lembrar que nem todos os sintomas estão presentes em todos os indivíduos e que quanto maiores os sintomas maior a probabilidade de gravidade da doença.

Pessoas portadoras de insuficiência tricúspide podem permanecer por longos períodos assintomáticos o que não significa que estas não correm risco. Mesmo indivíduos assintomáticos podem apresentar falência do coração.

Como é diagnosticada?

O diagnóstico da insuficiência tricúspide é realizado por meio de uma avaliação médica completa que inclui a história médica e o exame físico do paciente. Exames adicionais podem ser necessários e incluem:

  1. Ecocardiograma (Eco):  é um exame sem necessidade de radiação e não invasivo capaz de mostrar por meio de ultrassom imagens em movimento da válvula aórtica e do fluxo de sangue. É especialmente útil na avaliação permitindo elucidar o mecanismo causador do problema e avaliar a função do coração e tamanho de suas cavidades representando o grau de evolução da doença. 
  2. Ecocardiograma transesofágico: assim como o ecocardiograma convencional, também é capaz de mostrar por meio de ultrassom, imagens em movimento do coração, da aorta e das válvulas cardíacas, porém com maior definição e qualidade de imagem. A realização deste exame necessita habitualmente de sedação já que uma sonda especial é colocada pela boca do paciente de maneira semelhante a uma endoscopia
  3. Tomografia computadorizada: este exame utiliza raios X e técnicas computadorizadas de reconstrução de imagem para reproduzir e avaliar não apenas a válvula, mas o coração e a aorta do paciente. O exame é capaz de mostrar em detalhes as dimensões da aorta e das demais estruturas do corpo como ossos e outros órgãos. É habitualmente um exame importante no diagnóstico, podendo demonstrar condições associadas como as dilatações da aorta ascendente. 
  4. Ressonância Magnétic: este exame utiliza um aparelho que produz campos magnéticos intensos capazes de gerar imagem de alta definição dos órgãos internos incluindo da aorta. É um exame complementar que pode ser necessário.

Quais as opções de tratamento?


Tratamento Medicamentoso

Infelizmente não existe tratamento definitivo para a insuficiência tricúspide. Alguns medicamentos podem diminuir um pouco os sintomas e ajudar a controlar as arritmias. A única solução definitiva são procedimentos capazes de restabelecer a função da válvula sejam eles realizados por meio de reparo (plastia) ou troca da válvula (prótese).

Apesar da medicação conseguir aliviar os sintomas ela não reduz o grau de vazamento (regurgitação) da válvula. Somente a substituição da válvula é capaz de alterar significativamente a progressão da doença.

Atualmente, existem diversas maneiras de substituir ou reparar a válvula doente que só podem ser determinadas por uma equipe capacitada em múltiplas técnicas.


Tratamento Cirúrgico Convencional

O tratamento convencional é um procedimento bem estabelecido e com resultados excelentes se bem indicado e executado. Ele é capaz de salvar a vida do paciente. A indicação da cirurgia depende de uma cuidadosa avaliação da condição clínica, dos problemas de saúde associados e da idade do paciente.

A cirurgia requer a abertura da cavidade torácica e a parada do coração com auxílio da máquina coração-pulmão (circulação extracorpórea). Apesar dos bons resultados do procedimento existem alguns riscos que variam de paciente a paciente.

Habitualmente a cirurgia necessita de:

  • Anestesia geral
  • Abertura do tórax 
  • Duração de 3-4 horas 
  • Internação ao redor de 7 dias 
  • Recuperação ao redor de 20-30 dias


Tratamento Cirúrgico Minimamente Invasivo

Tradicionalmente é necessária uma incisão mediana longa, porém hoje o tratamento cirúrgico preferencial é o minimamente invasivo, especialmente utilizando a tecnologia robótica (clique aqui para conhecer mais sobre a cirurgia robótica). 

Nele o procedimento é realizado através de incisões menores, medianas ou laterais. Através destas técnicas é possível promover uma recuperação mais rápida, menos dolorosa e tão segura quanto a cirurgia convencional.

Comparação de incisões no peito: a cirurgia robótica (esquerda) mostra pequenas incisões; a cirurgia convencional (direita) tem uma única e longa incisão no esterno.

Tratamento Transcateter – Tricvalve®


O tratamento por cateter da insuficiência tricúspide atualmente também pode em casos selecionados, ser realizado por cateterismo, especialmente em casos nos quais o procedimento convencional ou minimamente invasivo apresenta um risco elevado ou inaceitável.

Recentemente a ANVISA aprovou para uso clínico no Brasil a prótese TRICVALVE. No procedimento um stent dotado internamente de válvula é implantado dentro da cava superior e da cava inferior do paciente impedindo assim o retorno do sangue para o corpo promovendo melhora documentada dos sintomas. 

Ilustração de um coração com colocação de stent em uma veia, mostrando procedimento médico, com vasos vermelhos e azuis.

Vale lembrar que as situações de insuficiência tricúspide causadas por disfunção de uma prótese biológica implantada previamente representam uma doença diferente e que atualmente possui alternativa de tratamento por cateter. Para conhecer mais sobre esta condição clique aqui

Tratamento Transcateter – Triclip ® 


Estudos têm demonstrado a possibilidade de utilização do sistema inicialmente desenvolvido para a válvula mitral denominada MITRACLIP para tratamento da insuficiência tricúspide.


Modificações foram introduzidas pelo fabricante no sistema que passou a denominar-se TRICLIP com o objetivo de realizar a plastia (reparo) percutâneo da válvula tricúspide sem a necessidade de implante de uma válvula (prótese) completamente nova. 


Recentemente os resultados iniciais destes estudos foram publicados no trial TRILUMINATE com resultados iniciais animadores

(https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2300525)

Dispositivo médico para procedimentos cardíacos, composto por componentes azuis e prateados montados em um suporte de metal. Um longo tubo flexível se estende do dispositivo.
Quatro dispositivos médicos de malha branca dispostos em fileira, cada um com um pequeno fecho de metal.
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Benefícios do procedimento

A substituição/reparo da válvula doente apresenta múltiplos benefícios incluindo:

  • Redução do risco de morte 
  • Alívio de sintomas  - Os pacientes operados demonstram em curto período de tempo uma melhora significativa dos sintomas de dispnéia (falta de ar) 
  • Melhora de capacidade funcional -  Os pacientes operados demonstram melhor capacidade de exercício físico com aumento da velocidade e duração do teste de caminhada.
  • Melhoria de qualidade de vida - A qualidade de vida é marcadamente melhorada após o procedimento de substituição valvar. 
  • Melhora da função do coração -  Existe melhora documentada na maioria dos casos de melhora da força de contração e redução do tamanho do coração em breve intervalo de tempo. 


Após o procedimento

O tratamento da insuficiência tricúspide não acaba com o implante da válvula. Após o procedimento é fundamental que o paciente seja reavaliado periodicamente pela equipe de especialistas. As reavaliações buscam orientar o paciente sobre diversos aspectos incluindo:

  • Eventuais restrições de atividade física
  • Programa de reabilitação cardiovascular
  • Retomada das atividades habituais 
  • Orientações alimentares


Além disso, são realizados exames de avaliação da função da nova válvula, incluindo o ecocardiograma.

O paciente e seus outros médicos também recebem um relatório detalhado sobre o procedimento com orientações e cuidados necessários após o implante de uma válvula no coração. O dentista também precisa ser informado desta nova condição.


É muito importante que o paciente mantenha a guarda cuidadosa deste relatório para ser apresentado a outros profissionais de saúde que eventualmente necessitam atendê-lo em outras ocasiões.



É muito importante que o procedimento seja realizado com uma equipe certificada e com experiências em todas as técnicas substituição e reparo valvar além de possuir título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.

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Sobre o médico

Prof. Dr. Diego Gaia


Cirurgião Cardiovascular | CRM-SP 107683 | RQE 61429


Professor e chefe do Setor de  Doenças Estruturais do Coração da Disciplina de Cirurgia Cardiovascular da Universidade Federal de São Paulo. com doutorado pela Escola Paulista de Medicina. Possui MBAs de Harvard e Insper SP, especializações em cirurgia minimamente invasiva na Bélgica e cirurgia robótica nos EUA. Coordena o setor de Cardiologia do Hospital Santa Catarina e Cirurgia Cardiovascular do Hospital AC Camargo. Reconhecido em 2019 pelo PCR London Valves por uma técnica inovadora, é Certificado por sociedades brasileiras em Cirurgia Cardiovascular e implante de próteses e soma mais de 1000 implantes realizados e técnicas pioneiras.


Destaques
  • Doutor pela Unifesp
  • Certificação em Cirurgia Robótica 
  • Certificado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular
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